Quando a nova temporada da Premier League começou, poucos imaginavam que Manchester United viveria uma das fases mais turbulentas de sua história recente. O clube, que ainda carrega o peso de décadas de sucesso, viu seu desempenho despencar logo nas primeiras rodadas, culminando na demissão de Erik ten Hag em outubro de 2024. O holandês, que havia conquistado a Liga dos Campeões e o título da Premier League, acabou com um percentual de vitórias de 54,69% em 128 jogos, mas não conseguiu parar o declínio.
Ruben Amorim, ex‑técnico do Sporting, foi apresentado como substituto em novembro. O português chegou com a missão de reverter a situação, mas encontrou um plantel desmotivado e lesões recorrentes. Em janeiro de 2025, após a derrota por 3 a 1 para o Brighton & Hove Albion no Old Trafford, Amorim admitiu que seu time poderia ser “provavelmente o pior da história do Manchester United”. A frase ecoou nas redes sociais e consolidou a sensação de que o clube havia chegado ao fundo do poço.
Os números confirmaram a percepção: a equipe sofreu quatro derrotas em cinco jogos em casa e, ao final da campanha, acumulou nove derrotas no próprio estádio – recorde negativo que emparelhou com temporadas anteriores. A sequência mais dolorosa foi um período de oito partidas sem vitória na liga, quando a esperança de recuperação parecia distante.
No ranking, o United terminou 15º, com apenas 42 pontos, distante da zona de classificação para torneios europeus e apenas 10 pontos acima da zona de rebaixamento. Foi a pior colocação da era Premier League e a mais baixa em 25 anos, um revés que chocou torcedores, imprensa e investidores.
Além das críticas ao elenco e ao técnico, a temporada gerou discussões sobre a estrutura de comando do clube. O capitão e lateral esquerdo, Noussair Mazraoui, reconheceu seu papel ao afirmar que a performance dos jogadores foi decisiva para a saída de ten Hag, acrescentando que, se a equipe não entregasse resultados, o treinador não teria futuro.
O executivo-chefe Omar Berrada, em entrevista coletiva, descreveu a campanha como “abaixo dos padrões do clube”, ressaltando que a crise exigiu ajustes profundos na operação de futebol. A aquisição pela INEOS, liderada por Sir Jim Ratcliffe, trouxe pressão adicional para reverter a trajetória negativa e implementar uma cultura de alta performance.
Desde a saída de ten Hag, a diretoria tem revisado contratos, renegociado cláusulas e analisado o mercado em busca de reforços capazes de mudar o panorama. Investimentos em scouting e tecnologia de análise de desempenho foram anunciados como prioridade para evitar que situações semelhantes se repitam.
Os torcedores, por sua vez, mantêm a esperança de que a nova liderança traga estabilidade e volte a colocar o clube nas competições europeias. Enquanto isso, a próxima temporada será vista como um teste decisivo para Amorim, que ainda tem contrato, e para a diretoria que precisa provar que a mudança de gestão pode transformar um pesadelo em renascimento.
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