Quando George Russell cruzou a linha de partida da última sessão de qualificação no Grande Prêmio de Singapura 2025Marina Bay Street Circuit, a maioria dos analistas não esperava vê‑lo no topo. Ainda mais quando o volante da Mercedes bateu a marca anterior em 0,367 milésimas de segundo, deixando os favoritos da McLaren e o pole‑positionista da Red Bull, Max Verstappen, ainda tentando entender o que aconteceu.
O GP de Singapura, realizado nas estreitas ruas da cidade‑estado, sempre foi sinônimo de estratégia. Desde a sua estreia em 2008, quinze edições mostraram que a pole position é quase uma garantia de vitória – apenas três vencedores partiram de fora da primeira fila. Essa tradição coloca ainda mais pressão sobre a equipe que abre o grid, tornando a conquista de Russell um marco para a Mercedes, que vinha lutando para recuperar o ritmo dominante da era híbrida.
A manhã começou com a temperatura do asfalto ainda fria, mas rapidamente subiu, permitindo que os pneus Pirelli atingissem o ponto ideal de aderência. O diretor de Motorsport da Pirelli, Mario Isola, destacou que 15 pilotos ficaram dentro de oito décimos de segundo no Q1, e que os dez melhores do Q2 completaram a volta em menos de 0,5 segundo de diferença. O clima de competição foi ainda mais acirrado quando Liam Lawson acertou a parede duas vezes nos treinos livres, mas conseguiu ajustar a configuração para o Q2.
No Q3, todos os dez primeiros colocados quebraram a barreira dos 1 minuto e 30 segundos. Russell, que também encostou nas barreiras durante as sessões de prática, entregou uma volta de 1:30.823, batendo o recorde anterior de 1:31.190 estabelecido em 2024. O salto de 0,367 milésimas pode parecer ínfimo, mas no circuito de Singapura, onde a frenagem é constante, esse ganho pode significar dezenas de metros nas retas.
Depois do fim da sessão, a Mercedes celebrou, mas manteve o foco na corrida. George Russell comentou: “Foi um circuito que exigiu muita paciência nos tempos de volta. Consegui encontrar o ponto ideal de aderência e espero converter isso em um bom resultado no domingo.”
Em contrapartida, o piloto da McLaren, Lando Norris, admitiu que a margem apertada nas sessões de Q2 e Q3 foi “um pouco frustrante”, mas que ainda há trabalho a fazer nos treinos finais.
A estratégia de parada nos pits também ganhou novo fôlego. A Pirelli confirmou que os compostos C5 – macio, médio e duro – estarão disponíveis, embora o macio seja único. Com o limite de velocidade no pit‑lane elevado de 60 km/h para 80 km/h, a possibilidade de duas paradas se torna mais atraente, especialmente se um safety car surgir nos primeiros 20 minutos da corrida. Isola explicou que “um pit‑stop a mais pode ser justificado se a pista estiver limpa e o carro ainda estiver aquecido”.
A posição de partida será decisiva. Em 2023, o vencedor saiu da terceira fila, mas só depois de um safety car que permitiu um pit‑stop inesperado. Agora, com a pista ainda apresentando poucos pontos de ultrapassagem, uma boa saída pode garantir a supremacia até a última curva de volta.
Além disso, a confiança da Mercedes está em alta. A equipe, que perdeu a última corrida em Mônaco por falha de estratégia, agora tem a oportunidade de provar que a nova geração de motores híbridos ainda pode competir no topo, especialmente contra a dominante Red Bull de Verstappen.
O sprint de domingo será o primeiro teste das balizas de velocidade da nova regulamentação de 2025. Analistas da BBC Sport estimam que a corrida principal terá entre 1,5 e 2,0 paradas de pit, dependendo da incidência de safety cars. Caso a Mercedes mantenha o ritmo de Russell nos treinos de qualificação, a estratégia de uma parada só pode ser viável se o desgaste dos pneus macios for controlado.
Enquanto isso, o público de Singapura aguarda ansioso pelo espetáculo noturno, que promete luzes, chuva ocasional e, claro, muita adrenalina. Se Russell conseguir transformar a pole em vitória, será a primeira conquista da Mercedes no GP de Singapura desde 2018, e um sinal de que a competição entre as três grandes equipes está mais equilibrada do que nunca.
Começar na frente em Singapura costuma garantir boa posição de pista, já que a ultrapassagem é difícil. A Mercedes, ao conquistar a pole, elimina a necessidade de lutar por posições nos primeiros laps, podendo focar na gestão dos pneus e nas estratégias de pit‑stop.
A Pirelli traz o composto C5 em três versões: macio, médio e duro. O macio oferece o máximo de aderência nas primeiras voltas, o médio equilibra desgaste e desempenho, e o duro é usado nas fases finais da corrida quando o desgaste já está alto.
A FIA elevou o limite de 60 km/h para 80 km/h visando reduzir o tempo total de pit‑stop e tornar as estratégias mais dinâmicas, sobretudo em circuitos curtos como o de Singapura, onde cada segundo conta.
Em 15 edições anteriores, apenas três vencedores partiram de fora da primeira fila. Isso mostra que a posição de partida tem forte correlação com o resultado final, tornando a pole uma vantagem estratégica decisiva.
Verstappen e a Red Bull ainda são favoritos para a vitória, mas precisarão superar a desvantagem de partida. Eles provavelmente adotarão uma estratégia agressiva de dois pit‑stops, contando com a velocidade dos pneus macios nas fases críticas da corrida.
1 Comentários
Raquel Sousa outubro 6, 2025 AT 04:48
Russell fez a pista tremer; essa pole é puro fogo!