Chega a ser raro ver uma famosa como Debora Bloch falar sobre envelhecer sem recorrer a frases feitas ou esconder rugas. Prestes a completar 62 anos, a atriz abriu o jogo numa entrevista ao jornal O Globo e não poupou sinceridade: para ela, maturidade não carrega peso negativo. Na verdade, é um momento de se sentir livre, de entender seus limites e poderes, de conseguir olhar para trás com certo humor e alívio. Ela confessa que se sente muito mais em paz agora do que há vinte anos. "Você já sabe do que gosta, não precisa provar mais nada pra ninguém", dispara. Isso muda a vida — e a profissão.
Filha do ator Jonas Bloch, ela cresceu respirando cultura. Debora se consolidou no teatro, cinema e principalmente na TV. Agora, encara mais uma missão: viver Odete Roitman — sim, aquela vilã lendária de Vale Tudo — em uma releitura que promete ainda mais veneno. Fã de personagens complexas, a atriz contou que humanizar Odete é o maior desafio. "Ela é cruel e fala absurdos, mas tem hora que escapa um pensamento sobre ser mulher ou lidar com o machismo familiar", explica. Debora admite que Odete está longe de ser adorável, mas não precisa ser odiada 100% do tempo. Às vezes, até entrega pequenas fraquezas, como quando se abre sobre maternidade ou chora no hospital. Esses detalhes deixam a história longe das vilãs caricatas.
Debora no palco e nas telinhas é só parte da história. Nos bastidores, sua família teve um momento importante: a filha Julia selou seu casamento com a cantora Maria Beraldo em São Paulo, reunindo familiares (inclusive Jonas Bloch) em uma celebração afetiva. Claro, a união despertou curiosidade — fãs logo lembraram das tramas tempestuosas de Vale Tudo, comparando, de brincadeira, a sogra ficcional Odete Roitman à nova sogra na vida real. Debora encara tudo com leveza, típico de quem não aceita amarras nem dramas desnecessários.
Sobre se manter viva e apaixonada, Debora entrega sua receita: nunca pare de fazer planos nem perca a curiosidade. Ter projetos, nutrir sonhos, se abrir ao novo — tudo isso faz diferença. Para ela, artistas que envelhecem bem são os que continuam conectados ao cotidiano e às pessoas. "O problema é se fechar, só olhar o próprio umbigo. Quero aprender sempre, disso não abro mão". Entre bastidores e cena, Bloch segue mostrando que maturidade é mesmo um privilégio. Ela desafia o costume de tratar mulheres de 60 como invisíveis: continua fazendo vilã, pensa sobre o feminismo e não tem medo de ser chamada de vigorosa e inteligente. Idade, para ela, rima com liberdade, sabedoria e muito, mas muito fôlego.
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